Agências do Banco do Brasil e do Bradesco foram atacadas simultaneamente em Bom Jesus
As polícias Civil e Militar apreenderam, na tarde desta sexta-feira (4), na zona rural de Nova Ipixuna, três armas longas e dois revólveres, além de munição, que pode pertencer ao bando que explodiu duas agências bancárias na madrugada do mesmo dia em Bom Jesus do Tocantins, a 78 km de Marabá. Conforme o delegado Márcio Maio, diretor da 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, atuando no caso pela Superintendência de Polícia Civil do Sudeste do Pará, o local poderia ser um ponto de apoio de uma quadrilha que atua na região. Ninguém foi preso até o momento.
Além dos armamentos, sendo três espingardas, um revólver calibre 38 e um calibre 22, foram apreendidas uniformes da empresa Celpa e do Exército Brasileiro, coturno e balaclavas, utilizadas para encobrir o rosto. “As polícias receberam informação de que havia alguns elementos em uma chácara no Km 25. Com base nisso, fomos ao local e logramos êxito em encontrar bastante munição, armas e equipamentos demonstrando que naquele local passaram pessoas ou se escondiam pessoas com a finalidade de cometer delitos, assaltos, roubo a bancos ou cargas na região”.
A equipe que realizou a apreensão estava em Bom Jesus do Tocantins, fazendo levantamentos acerca do crime ocorrido na madrugada. Por volta das 3h15 uma quadrilha de oito homens explodiu caixas eletrônicos nas agências do Banco do Brasil e do Bradesco, localizadas uma em frente à outra. O bando chegou na cidade efetuando disparos de arma de fogo contra o Destacamento da Polícia Militar e a Delegacia de Polícia Civil do município.
De acordo com o delegado Lênio Duarte, titular em Bom Jesus, os bancos foram explodidos de forma simultânea. No Banco do Brasil foram colocados explosivos em três caixas eletrônicos, porém a dinamite instalada naquele que armazenava o dinheiro acabou não sendo detonada. A parte interna da agência ficou destruída, mas nada foi roubado. Na agência do Banco do Bradesco, os bandidos estouraram dois caixas, mas só uma das explosões deu acesso à caixa onde fica depositado o dinheiro. Os bandidos conseguiram levar certa quantia, que não foi revelada.
Ainda segundo o delegado, a Polícia Civil tem certeza da utilização de dois veículos – uma picape Strada preta e uma motocicleta. O carro foi abandonado em uma vicinal logo após o crime. Além disso, uma Sprint Curier vermelha também foi vista na cidade e levantou suspeitas. Após a explosão, uma dinamite permaneceu em um caixa sem ser detonada, o que causou preocupação até ela ser retirada pela equipe do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, que esteve no local pela manhã. Desde que foi inaugurada, a agência do Banco do Brasil já foi alvo de crime dessa natureza pelo menos cinco vezes.
“Essa facilidade se dá graças à facilidade de acesso aos estados do Maranhão e do Tocantins, já que a cerca de 25 Km se chega aos dois estados. É uma facilidade de fuga muito grande. A fuga deles ocorreu em direção à Vila 1º Cocal (que dá acesso aos Estados do Maranhão e Tocantins), mas as polícia, não apenas do Pará, mas dos dois outros estados, estão empenhadas para tentar localizar e prender os criminosos”, finalizou. O carro encontrado foi jogado no Rio Tocantins, onde uma lancha aguardava para dar fuga aos criminosos.
De acordo com o perito Felipe Sá, do CPC Renato Chaves, nas agências bancárias foi possível coletar material para buscas de DNA dos suspeitos. “Apesar de o local ter sido violado por pessoas não autorizadas, o que o torna inidôneo, as amostras que podemos coletar estavam em local preservado e, por isso, foram coletados pela perícia. Vamos levar para o laboratório e em algumas semanas pode haver o resultado. Se houver a amostra aí podemos cruzar com o banco de dados nacional e internacional e podemos procurar suspeitos”, explicou.
Moradores estão preocupados
Regilene Santana Gomes estava dormindo, de madrugada, quando foi despertada por tiros e, em seguida, ouviu as explosões. “Eu ouvi e fiquei muito assustada, não consegui dormir mais depois disso. Não esperava, então acordei no meio da noite e achei que tinha gente morrendo. Depois que ficou em tudo silêncio lembrei: roubaram o banco de novo", declarou, acrescentando que a população está cansada de ser refém dessa situação.
“Essa do Bradesco é a segunda vez e no Banco do Brasil já é a terceira vez que acontece. Estamos sem segurança para toda a população. Eu gostaria que tivesse providências porque está um absurdo”, declarou. Maria Antônia estava na zona rural e decidiu, pela manhã, sacar seu salário. Acabou se deparando, incrédula, com a agência aos pedaços.
“Chego e topo com uma coisa dessas. Espero que as autoridades tomem providência porque precisamos de segurança e precisamos da agência bancária no lugar. A gente é pobre, mora na zona rural e precisa do dinheiro, mas aí chega aqui e encontra essa situação. Muitas pessoas são debilitadas e não têm dinheiro pra ir para os outros municípios, Rondon ou Marabá, para usar o banco. Estou surpreendida, não esperava uma coisa dessas”, declarou.
PM diz que inteligência está acompanhando o caso
De acordo com o sub-comandante do Comando de Policiamento Regional (CPR) II, tenente-coronel Mauro Sérgio, o departamento de inteligência da Secretaria de Segurança Pública está acompanhando os casos de assaltos a banco nesta região e documentos foram apreendidos no local onde as armas e roupas foram encontrados.
“A gente vem acompanhando as quadrilhas que vêm agindo na região e essas informações. Não temos ainda a informação concreta de que era realmente a mesma quadrilha ou se era o ponto de apoio de uma das quadrilhas que agem, mas o núcleo de inteligência das duas polícias está trabalhando para desarticulá-las. Foram identificadas documentações de pessoas, veículos e, com certeza, a partir desse material apreendido, vai haver desdobramento de operações”, declarou.
O coronel Sérgio Fialho, comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM) pede que a população auxilie nas investigações realizando denúncias ao Disque Denúncia (3312 3350), Núcleo Integrado de Operações Policiais (Niop-190) ou Disque Denúncia da Segup (181), além de pedir confiança aos órgãos de segurança.
Série de ataques atormenta a região
Uma série de ataques a bancos vêm ocorrendo em poucos dias nesta região. Em Araguatins, no Tocantins, criminosos se dividiram em dois grupos e atacaram simultaneamente o Destacamento da Polícia Militar do município e a agência do Banco do Brasil. Quatro policiais militares acabaram baleados. Na madrugada de sexta, houve o ataque às duas agências em Bom Jesus do Tocantins na noite de quinta-feira (3) bandidos tentaram roubar uma agência do Itaú em Parauapebas.
Em Moju, já na manhã desta sexta, homens armados fizeram pessoas reféns. A Polícia Civil, por meio da assessoria de comunicação, no entanto, descartou Maués descarta qualquer relação entre a invasão dos bancos. “Há muita diferença no modus operandi das quadrilhas. Em Moju os assaltantes foram muito ousados e aterrorizaram a população. Nos outros dois casos, os bandidos usaram explosivos, mas os assaltos não se consumaram graças à ação rápida da Polícia Militar”, afirmou o delegado do Interior, Silvio Maués.
Fonte: CT Online
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